Carta de Porto Alegre


IX SEMINÁRIO NACIONAL DE INCIDÊNCIA POLITICA

Começar novo, de novo! É tempo de se reinventar
Porto Alegre, 19 a 21 de julho de 2019
Estimados irmãos e irmãs de caminhada,
Estivemos reunidos em Porto Alegre/RS, nos dias 19 a 21 de julho de 2019, para a realização do IX Seminário Nacional de Incidência Política. Somos agentes da Pastoral da Aids, vindos de 20 estados do Brasil. Refletimos sobre a situação atual do nosso país e retomamos a caminhada da Pastoral da Aids no campo do controle social das políticas públicas. Iluminados pela sabedoria do evangelho, em espírito de oração, dirigimo-nos a cada participante da Pastoral da Aids e a cada pessoa que apoia, sustenta e acredita na sua relevância para manifestar nossa comunhão e partilhar perspectivas que toda a Pastoral é convidada a assumir nestes tempos que estamos vivendo.
Caminhemos em comunhão com o Papa Francisco e com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, vivendo a alegria de ser discípulo e discípula de Jesus Cristo numa igreja em saída. É nessa comunhão que somos convidados a escutar, acolher e manifestar solidariedade com aqueles grupos que estão nas periferias existenciais e que são mais vulneráveis para a infecção pelo HIV e outros agravos.
Reforcemos os laços de amizade, carinho, partilha, acolhimento entre os membros da Pastoral da Aids para fortalecer a rede da Pastoral, a fim de que nenhum(a) agente se sinta desamparado(a) e sozinho(a), mas fortalecido(a) e confiante de que, em conjunto somos mais fortes e podemos ir mais longe.
Continuemos a participar dos espaços de controle social das políticas públicas, direito que ainda nos é assegurado, procurando formação continuada e estabelecendo alianças com outras organizações e com os gestores comprometidos com as demandas que a epidemia da aids ainda mantém, seja no campo da prevenção, seja no campo do acolhimento e acompanhamento do tratamento, especialmente para a erradicação da transmissão vertical do HIV e da sífilis. Tenhamos também um olhar de cuidado com relação às hepatites e à coinfecção por tuberculose e outros agravos.
Reassumamos a cada dia, a defesa do Sistema Único de Saúde, seus princípios e diretrizes, a fim de que o direito humano à saúde seja garantido às populações mais excluídas e marginalizadas. Apesar dos limites, o SUS é o melhor sistema de saúde que já tivemos no Brasil.
Retomemos a parceria com as redes de pessoas que vivem e convivem com HIV, com organizações da sociedade civil e com as demais pastorais sociais a fim de fortalecer a defesa dos direitos sociais, individuais e coletivos, que impulsionam a construção de uma sociedade mais justa, onde todos são reconhecidos como cidadãos e cidadãs.
Convidamos, por fim, a cada agente a colocar-se em espírito de oração, suplicando as luzes de Deus para que sempre nos oriente à “dizer a palavra certa, na hora certa, do jeito certo e para a pessoa certa”, em clima de diálogo respeitoso, mas no firme propósito de trabalhar para que se realize a profecia de Amós: “Eu quero ver o direito brotar como água e a justiça correr como um rio” (Am 5,24).
Porto Alegre, 21 de julho de 2019.